quarta-feira, 8 de junho de 2011

Manifestantes em BH dizem ser vítimas de preconceito e defendem amamentação em público

Belo Horizonte realizou na manhã deste domingo (05) seu primeiro “mamaço”, em defesa da amamentação em público. O evento ocorre em diversas capitais do País e, em Minas, aconteceu no tradicional Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no centro de Belo Horizonte. Aproximadamente 40 mães e bebês participaram do mamaço organizado pela jornalista e blogueira Kalu Brum.
Uma foto dela, na qual amamentava o filho Miguel, foi censurada pelo Facebook, que entendeu o conteúdo da imagem como pornografia e a convidou a se retirar da rede social, no dia 11 de maio deste ano. “Escrevi o caso no meu blog e aconteceu o que chamei de mamaço virtual, quando diversas mães postaram fotos amamentando seu filhos no Facebook”, lembra.
A data para promoção do mamaço em diversas capitais do Brasil, o Dia do Meio Ambiente, não aconteceu por acaso, conta Kalu. “Amamentar é um ato ecológico porque com a amamentação deixamos de usar chupeta e mamadeira, evitando danos ao meio ambiente.” A jornalista diz ter sofrido preconceito por amamentar o filho no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, quando preciso, por problema mecânico na aeronave, pernoitar no local. “Duas mães sentaram ao meu lado, com seus filhos, e disseram ter pena de mim por amamentar meu filho, de um ano e meio, em público. Olhei para as crianças delas, vi que estavam de chupeta e rebati: eu tenho pena dos seus filhos que trocaram o ato de amamentação por chupetas”.
Mãe de duas crianças, a estudante de Biologia Carolina Giovannini, 26 anos, acredita que haja um preconceito maior com a mãe que amamenta um filho maior. A filha mais nova dela, Lila, com dois anos, ainda mama, o que gera protestos de familiares. “Muitos dizem que ela precisa desmamar porque senão vai ficar muito apegada, mas ela é super independente. Cada mãe tem um leite perfeito para o seu bebê e a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o bebê seja amamentado até pelo menos dois anos”, diz Carolina, que amamentou Ravi, 4 anos, seu outro filho, até quando ele tinha um ano e três meses.
Outra mãe que se diz vítima de preconceito é a empresária Denise Vieira Furtado de Garcia e Castro, 30 anos. “As pessoas me perguntam até quando eu vou amamentar e eu respondo que será até os 18 anos, porque assim param de falar. O preconceito vem em forma de questionamentos. Acham que porque o bebê já fala, não pode mais mamar, o que é uma bobagem”, destaca ela, amamentando a filha única, Catarina, de um ano e onze meses.
Outra participante do mamaço, a estudante Letícia Oliveira Moraes Starling, 19 anos, contou ao iG não ter qualquer problema em amamentar seu filho único, o pequeno Eduardo, de cinco meses e meio. “É de uma hipocrisia tremenda as pessoas criticarem a amamentação em público, um ato de amor, sem erotismo nenhum, enquanto no Carnaval não há problema nenhum com a exposição da nudez”, reclama a jovem.
Letícia afirma que geralmente pessoas mais velhas estranham o fato de ela amamentar dentro de um ônibus coletivo, por exemplo. “Existe um falso pudor porque é normal ver nudez na novela, por exemplo. Temos que lutar para mudar esta realidade. Se eu não me alimento no banheiro, porque meu bebê deveria se alimentar no banheiro?”, questiona a mãe de Eduardo.


Na tentativa de explicar toda polêmica em torno da amamentação em público, a jornalista Kalu diz que após a revolução sexual promovida pelas mulheres na década de 1960, houve uma certa abdicação das mães em amamentar e cuidar sozinhas de seus filhos para trabalhar fora. “Quando a mulher vai trabalhar fora, com a mamadeira, cria-se a ideia de que qualquer um pode cuidar de uma criança. A mulher deixou de amamentar em público e isso hoje está sendo resgatado, pois elas têm coragem de criar seus filhos sozinhas”, avalia.
Denise Motta, iG Minas Gerais

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