quinta-feira, 29 de março de 2012

Conhecendo mais sobre a Gagueira


Muitas mães se desesperam quando percebem algum indício de gagueira nos seus filhos. A ansiedade toma conta e ai, na maioria das vezes, acabam agravando a situação ao invés de ajudar a resolver. Agravando porque os pequenos percebem e captam a ansiedade, quase que como anteninhas (como costuma dizer a Fernanda aqui do Acalanto). Então a ideia desse post é trazer informações para diminuir a ansiedade de todos!

A verdade é que todos nós temos períodos de disfluência na fala, ou seja, quando estamos nervosos, ansiosos ou com pressa por vezes nos atropelamos e a fala não sai fluente e encadeada como deveria ser. A gagueira se caracteriza quando esses períodos de disfluência passam a ser tão comuns que interferem na comunicação.

Na verdade, todo gago tem momentos de fluência e todo não-gago tem momentos de gagueira. Então, a diferença é feita pela frequência da gagueira e pelo incômodo causado pela disfluência, que para o gago é muito grande.

O gago acredita que é sempre um mal falante e por isso evita as situações de comunicação. Quando é obrigado a falar, seja para muitas ou poucas pessoas, fica nervoso desencadeando reações que o deixam muito incomodado e com maiores dificuldades para falar.

As principais características na fala do gago são:

- Lentidão para falar e articulação limitada;
- Voz alterada;
- Demora a falar;
- Perda de controle sobre a fala;
- Bloqueios;
- Repetição de palavras ou sílabas;
- Prolongamento de vogais.
- Substituição de palavras;
- Evita palavras;
- Acrescenta palavras desnecessárias à frase, como “ai, então, isso, sim, é”, ganhando tempo para iniciar a palavra;

O gago pode apresentar também vários sintomas não relacionados à fala que são provocados por situações de comunicação, são elas:
- Respiração acelerada;
- Movimentos anormais nos olhos;
- Não olha nos olhos;
- Coração acelerado;
- Tremores nas mãos;
- Suor intenso;
- Alterações musculares (tiques, tensão, elevação das sobrancelhas, apertamento de olhos, tremor labial etc);

Ao falar o gago fica tenso e sente uma responsabilidade muito grande ao tentar passar uma mensagem verbal, por isso analisa cuidadosamente a reação do ouvinte e observa sua atitude (impaciência, pressa, descaso, aflição, pena). Observa se o ouvinte está atento ao que está sendo dito e observa se completa suas frases. Se o ouvinte apresenta alguns destes sinais o gago piora sua auto-imagem de falante e tem ainda mais dificuldade em passar a mensagem ou desiste de tentar.

Existem diversas teorias que explicam a causa da gagueira. Elas vão de características genéticas, distúrbios neurológicos, problemas psicológicos, traumas na infância ou recentes, alteração na organização da linguagem a dificuldades motoras e de coordenação da fala. Não existe um consenso de qual seria a causa da gagueira. Sabe-se também que esta pode ser minimizada e muitas vezes não aparecer por anos, mas não existe cura. O fonoaudiólogo trabalha com os sintomas e características de cada gago.

Algumas gagueiras iniciam-se na fase escolar e podem piorar ao longo da vida. Diversos fatores podem intervir neste processo, a atitude de alguns professores que demonstram dificuldades em lidar com a gagueira e com os problemas que a criança gaga apresenta em suas tarefas orais, impaciência, cobrança, desinteresse e insegurança. A atitude das demais crianças e a cobrança familiar também colaboram com uma piora da disfluência.

Devemos observar que até os quatro anos é normal que a criança, em fase de aquisição da linguagem apresente momentos de disfluência. Muitas vezes a família se assusta com o processo e acaba taxando a criança como gaga. Nessa idade falamos em Gagueira do Desenvolvimento, que deve ser observada e acompanhada com orientações fonoaudiológicas. A gagueira do desenvolvimento desaparece à medida que a criança avança no desenvolvimento da linguagem.

É importantíssimo entender que cada criança é uma criança diferente da outra, cada família é uma família, portanto, não existem receitas de “como fazer”. As sugestões que serão aqui apresentadas tentam promover a fluência e a interação da criança:

- Prestar mais atenção ao conteúdo do que a criança está falando do que à forma com que ela o faz.
- Ajudar a criança a falar mais suavemente, propiciando ambiente adequado para tal.
- Parar um segundo ou mais antes de responder.
- Reservar um tempo, diariamente, para dar atenção exclusiva à criança.
- Encorajar a criança a falar sobre sua gagueira com vocês.
- Fornecer à criança um modelo apropriado de fala.
- Ler ou contar histórias sempre que possível.
- Favorecer a expressão verbal dos sentimentos.
- Promover um ambiente familiar de conversação não competitivo.
- Lembrar à criança que as disfluências são naturais à fala de qualquer pessoa.
- Manter contato de olho natural enquanto a criança está falando.
- Encorajar a criança a falar.
- Não completar a frase ou falar pela criança. Deixe que ela se comunique em seu próprio tempo.
- Preveni-la de situações comunicativas que possam ser desagradáveis a ela antes de sair de casa. E explicar que não é obrigada a responder o que não desejar mesmo que outras pessoas peçam.

Prestem atenção aos efeitos de suas ações e estejam sempre prontos a fazer ajustes em seu modo de agir e em suas expectativas, ao notarem que isso é uma necessidade.


O QUE PREJUDICA A FLUÊNCIA?

- Dizer à criança para ela relaxar, acalmar-se ou pensar antes de falar;
- Chamar a criança de gaga;
- Criticar ou corrigir a fala da criança;
- Completar o que a criança está falando ou interrompê-la enquanto o faz;
- Apressar a criança quando ela estiver tentando falar;
- Preocupar-se demasiadamente com a gagueira;
- Falar muito rápido e de forma “difícil”;
- Gritar com a criança quando ela gaguejar;
- Tornar as atividades do dia-a-dia desagradáveis;
- Fazer a criança se sentir envergonhada ou diminuída;
- Forçar a criança a falar em público;
- Comparações desnecessárias;
- Pressionar a criança com muitas atividades;
- Superproteger a criança, evitando que ela se encontre em situações de comunicação;
- Exigir demais da criança;

Depois de todas essas dicas, normalmente ainda fica a dúvida de quando levar em uma fonoaudióloga. Costumo dizer que uma avaliação fonoaudiológica ou de outro profissional que cuida do desenvolvimento das crianças nunca faz mal, pelo contrário, os pais sempre se beneficiam de dicas que podem fazer grande diferença para seu pequenino. Lembrando que avaliação não significa taxar ninguém de doente, alterado, atrasado ou qualquer coisa assim.

E ai acredito que existem “duas horas”, momentos, de levar para uma avaliação. A primeira e mais importante delas é quando a mãe ou pai percebem que o desenvolvimento do seu filho ou filha esta diferente das demais crianças. Pode ser algo de concreto ou mesmo um sentimento! E a outra é quando a escola aponta a necessidade, o que normalmente acontece quando a questão já interfere de forma significativa no desenvolvimento e aprendizagem da criança, então essa recomendação não deve ser de forma alguma ignorada! Aí é só procurar por profissionais de sua confiança!

Nenhum comentário:

Postar um comentário