sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sabedoria de Mãe - AMOR E DOR, UM LIMIAR TÊNUE - parte 2


A Morena, que tá aqui do lado com o pequeno Raoni começou a contar a história de amamentação deles sexta passada (quem perdeu ésó clicar aqui) e continua hoje. História de superação, amor e dedicação. Olhem só!

..... AMOR E DOR, UM LIMIAR TÊNUE....
Raoni nasceu em um Hospital que não tinha banco de leite e as auxiliares do berçário não tinham idéia de como poderiam me ajudar, foram momentos de pânico, até que veio a solução mais fácil de todas, “o bebe precisa tomar suplemento, leite artificial”, aquilo me matou, mas como o que eu pensava era apenas alimentar meu filho, foi o que se fez. No meio da noite, coisa de mãe mesmo (risos) acordo e vejo meu filho se engasgando, chamo minha mãe, ela tentar desobstruir as vias respiratórias e corre com ele para o berçário, momentos de pavor e a notícia boa logo veio, ele não aspirou, eu choro descontroladamente de nervoso e minha mãe me diz, “olhe para ele, filha, ele está bem!”

Bom, depois de passar por tudo isso chegamos a conclusão, vamos chamar alguém para nos orientar sobre a amamentação, a ajuda veio em boa hora e logo observou que a pega dele não era boa e disse que precisaríamos ensiná-lo a mamar, fazer exercícios de fonoaudiologia mesmo, lembra do que falei do outro indicador do sucesso da amamentação? Pois é... se ele não sabia mamar, não pegava bem e se não pegava bem, logo peito ferido e filho sem se alimentar direito, rapaz, momentos muito difíceis, regados ainda em crise conjugal e depressão pós parto feroz, pergunta... será que vou conseguir ser mãe?

No dia seguinte, já em casa, mais desespero, dor nos seios e filho faminto, chamamos novamente ajuda, mais uma semana, parecia a eternidade, de penar, até que meu pai encontrou com um amigo e vizinho que revela que sua esposa trabalha em duas maternidades públicas, no banco de leite, com amamentação, meu Deus, considero que minha vida de mãe (amamentadora) se divide em duas fazes antes e depois de Eridan, o anjo que me ajudou a sair do sufoco e me deu calma, tranqüilidade, que me acolheu neste momento tão difícil de nossas vidas.

Ela entrou no quarto, eu em prantos, com Raoni no colo e logo perguntou, “mulher, o que houve?”, chorei mais ainda e ela logo falou, “deixe eu te ajudar”, foi como se eu flutuasse, senti tanta segurança nela que nos entreguei a sua experiência, era tanta humildade e delicadeza que não se pode imaginar, era tudo o que nós estávamos precisando, acolhimento total. Ela examinou meus seios e disse, “você tem bastante leite, isso é muito bom, agora deixa eu ver como ele mama”, e logo percebeu que a pega não era eficiente e disse a todos que estavam ao meu redor, “venham aprender, pois ela vai precisar muito da ajuda de todos vocês”. O mais lindo de tudo é que ela olhou para mim e não só para meu filho, sabe, acho que o que precisamos (nós mães) é disso, que nos vejam que cuidem de nós, mas também precisamos não como mães, mas como mulheres, seres humanos nos permitir ser ajudada, lembrar que os fortes também têm limites, que erram e que choram e que tudo isso nos faz também ser uma boa mãe, afinal frustração e êxito são ingredientes importantes no processo de aprendizado como um todo, não é verdade?

Bom, foram 40 dias exatos de suplício: depressão, dores e sangramentos nos seios ao amamentar, andar sem sutiã dentro de casa sem pudores de quem aparecia, dores na cirurgia, conflitos... conflitos.... e ao mesmo tempo eu contava com um anjo ao meu lado, acredito que desde a barriga (conversava muito com meu filho) eu e Raoni criamos uma conexão mágica, ele sabia que eu precisava de apoio e só me solicitava quando a crise passava, então olhava em meus olhos como se dissesse, “mamãe, estou aqui com você!” logo as dores desapareciam, ele se encaixava direitinho em meus braços e no 41° dia percebemos que nós havíamos, finalmente, encontrado a harmonia, amamentando, mamando... sorrindo e tendo um dos prazeres maiores de minha vida, uma sensação de paz, mesmo acordando a noite, madrugadas a fio, nossa... eu sou mãe, sou mulher, amamento meu filho!!

Amamentei meu filho até 1 ano e 3 meses de vida, exclusivo até 6 meses, tarefa fácil? Não mesmo, mas a mais nobre que já tive em minha vida! E posso dizer uma coisa... junto com os 40 dias de suplicio foram embora as más lembranças, aliás, nem sei bem se esses duros dias existiram ou foram fruto de minha imaginação... risos...

 Morena, amamentando Raoni com 1 ano
Foto de Ana Siqueira

Sabe, depois de tudo isso que passamos juntos, eu e Raoni, depois de ser mãe, passei a ter um pouco mais de tolerância com as pessoas, especialmente com o limite de cada um. Há quem não quer ser mãe e é feliz, há quem não quer amamentar por diversos motivos, a esses pessoas o meu respeito profundo, mas lhes digo que essas são duas experiências de minha vida que, hoje, tenho plena certeza que fazem a maior diferença na mulher, no ser humano que sou hoje.

Quem quiser participar dessa seção – Sabedoria de Mãe – dividindo a sua história aqui no Acalanto, para aprendermos juntas, manda um e-mail pra gente! – acalantocursosbh@gmail.com

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